30 novembro 2010

Segundo exercício bem humorado de percepção

Quem dera possuir garras de carangueijo...

Aristides, o palmeirense – que anda cabisbaixo – assoprou no ouvido de Pensilvânia, enquanto assistia desolado a derrota não esperada...
- Pensilvânia... Em terra de miolo mole quem tem cérebro vira sopa.
Pensilvânia, que havia adotado a forma de caracol e caminhava lentamente pelas folhas empoeiradas das palmeirinhas que resistem nas ilhas da Avenida Rio Branco, sorriu um pequeno sorriso de caracol e pensou: Então, em terra de cego quem tem olho não passa de um esquisito que enxerga demais.
Aristides, que pode ler pensamentos, retrucou:
Em terra de cego, Pensilvânia, quem tem olho é assassinado.

P + A

18 novembro 2010

A 11 mãos ou Segundo Exercício Bem Humorado de Percepção

No marco do ensaio aberto#1 de "Após o sinal deixe o seu recado - Encontro Cênico" foi produzido um email direcionado ao Metrô de São Paulo. O recado se refere ao comportamento bovino dos usuários do metrô (ou seja, nós mesmos) que se roçam, espremem, apertam, beliscam, pegam sem sentir nisso nenhum prazer. O tema, proposto por uma das participantes mas de interesse geral, foi discutido e chegamos à conclusão de que os usuários (ou nós mesmos mesmo) não são nada afeitos a comportamentos bovinos - nada pessoal com bois e vacas bem intencionados -, porém, o adotamos por um certo instinto de sobrevivência característico da urbe do tipo "pega-pra-capar-que-quem-ficar-o-bicho-pega-quem-correr-o-bicho-come" e que a falta de mais trens e mais linhas é, ela sim, a responsável por gerar tal comportamento. 
Apesar de que comportar-se ou não como boi mal intencionado ser problema de cada um, achamos por bem endereçar uma mensagem ao Metrô, pois,  ainda que nos comportássemos como ovelhas mansas e fofinhas os trens e linhas continuariam insuficientes.
Segue a mensagem a 11 mãos e a resposta do metrô - um na sequência do outro conforme a ordem crono e lógica dos acontecimentos:
 P.S. Fora de lugar: Importante registrar que os corpos e espíritos presentes se coçaram num exercício sintético de 300 caracteres gentilmente concedidos pela ferramenta de comunicação do Metrô - o velho e simpático "Fale Conosco" (mas não muito).
Em ocasião oportuna serão disponibilizadas imagens desse nosso primeiro encontro. Aqui mesmo.
Obrigada aos 11. Obrigada ao nosso Tradutor de LIBRAS.
Até as próximas.

P.

O Email:
A falta de uma política eficaz voltada ao transporte público resulta no embrutecimento das relações humanas e na sua anti-democratização, que seleciona seus usuários pela lei do mais forte. Esta é uma mensagem coletiva escrita a 11 mãos no marco de uma ação artística.

A Resposta:

2010/11/17 Relacionamento com o Cliente - Metrô-SP
Sua comunicação foi enviada para nossos profissionais.
O número do protocolo é: 409783/2010
Guarde este número para futuras consultas sobre o andamento do processo.

Atenciosamente,
Departamento de Relacionamento com o Cliente
 Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô
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11 novembro 2010

01 novembro 2010

As treze regras do jogo: O que será que está acontecendo que eu não estou vendo ou Ativando nosso humor vítreo



1 Este é um jogo de percepção.

2 O objetivo é descobrir o que está por trás das coisas óbvias. Quanto mais óbvia uma afirmação mais ela deverá ser cansativa e repetidamente esmiuçada, até que se comprove se ela é, de fato, óbvia.

3 Para vencer o jogo é preciso desbancar, no mínimo, 17 proposições tidas, mundialmente, como perfeitamente óbvias.

4 Os vencedores do jogo não receberão nenhum tipo de prêmio ou reconhecimento. Nunca.

5 A cada proposição óbvia desbancada a vida do jogador deve melhorar.

6 Qualquer pessoa é apta para jogar. Qualquer território pode ser um tabuleiro.

7 Os movimentos devem ser calmos.

8 Pode-se jogar individualmente ou em grupos. Também são aceitos amigas e amigos imaginários e infláveis.

9 Adquirir visão + feeling raio X. Cada jogador deve ser responsável pelos mecanismos de aquisição dessas importantes ferramentas. DICA: Fale pouco, escute muito.

10 Enxergar, olhar e ver – tudo junto. Só vale se for tudo junto.

11 Nunca assinar nada sem ser capaz de explicar com as próprias palavras o significado do texto que precede o local de sua assinatura.

12 Responsabilizar-se pelas conseqüências que o jogo pode trazer para sua vida pública e privada – não vai adiantar dar descarga, algumas merdas bóiam durante muito, muito tempo.

13 Desbancar uma obviedade supõe, além da percepção de que a proposição em questão nunca foi óbvia, explicar o que (ou qual mecanismo) a transformou em obviedade.

P.